terça-feira, 26 de outubro de 2010

O outro olho de Lampião

Por Rafael Nolêto
Capa do Livro de Artur Aymoré, publicado pela Jacinta editores

Já se passaram sete décadas desde a sua morte e Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, continua envolto por mistérios e despertando curiosidade. O nome Lampião nos causa até hoje um misto de pavor, admiração e encantamento. Em “O outro olho de Lampião” o jornalista Artur Aymoré faz um novo resgate dessa mítica figura, através de uma investigação e interpretação minuciosa da imprensa que repercutiu a saga do cangaceiro nordestino ao longo de meio século, desde 1922.
Surgido em um contexto de desigualdade social Lampião aparece como protagonista da mais longa e épica de todas as revoltas sangrentas ocorridas no Brasil. Uma trágica luta no cangaço, contra um regime de opressão causado pelos abusos políticos e pelo coronelismo, imposto através de muita violência. Lampião foi o responsável por uma guerra de 20 anos que abrangeu sete estados do nordeste.
Artur Aymoré, autor
Sua saga e a guerra do cangaço sempre foram rotuladas pela imprensa, que realizou coberturas excessivamente ficcionais e contribuiu para sua projeção como o mais importante mito do Brasil moderno. Durante 50 anos as páginas dos jornais retrataram de forma antagônica a figura de Lampião. Facínora, bandido, herói, famigerado e perverso, são apenas alguns dentre diversos títulos que ficaram enraizados no imaginário popular, influenciado fortemente pela imprensa.
O cangaceiro despertou na população sertaneja um explosivo sentimento de anseio por justiça, tornando o cangaço uma das saídas encontradas para lutar pelos direitos e por condições mais humanas de vida. Enquanto isso os seus oponentes se empenharam para destruí-lo, matando Virgolino em 28 de julho de 1938, juntamente com 10 membros de seu bando. Mesmo após sua morte ainda há muito para ser explorado sobre Lampião, sua saga e, especialmente, sua exposição na mídia, que contribuiu particularmente para a construção de uma figura mítica, simultaneamente tratada como herói e bandido.

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