Documentário lançado em 2004, produzido nos E.U.A. Mostra o documentarista Morgan Spurlock, que lança para si mesmo o desafio de provar os malefícios causados pela má alimentação, usando como exemplo as lanchonetes do Mcdonalds. A empresa foi usada como foco do documentário, por conta de sua influência e grandiosidade no mercado de lanchonetes, presente em todo o mundo e com 83 franquias apenas em New York. O próprio documentarista passa um mês inteiro alimentando-se apenas nas lanchonetes do Mcdonalds. Durante os trinta dias a experiência é acompanhada por vários profissionais de saúde (nutricionista, clínico geral, gastrologista, cardiologista, fisiologista...), que vêem de perto as mudanças fisiológicas do documentarista/personagem. No início da dieta (intitulada “A dieta do Palhaço”, em referência a um dos símbolos da empresa), o jovem faz vários exames que detectam sua perfeita condição física. Em apenas doze dias ele já tinha engordado oito quilos e elevado suas taxas de colesterol.
Outro foco do documentário é mostrar a obesidade como um problema de saúde muito sério, que infelizmente é ignorado por muitos e tratado como algo normal. É abordado o caso de duas jovens obesas que processaram o Mcdonalds, mas nesse momento o expectador é levado a refletir se a culpa é realmente da empresa ou se é do consumidor. A empresa dispõe o produto e pode (no máximo) persuadir para que ele seja consumido, mas no fim é o consumidor quem determina se quer ou não aceitar a oferta. Outra coisa abordada pelo documentário é que essa persuasão das empresas de lanche é muito forte, tornando-se quase uma imposição para os consumidores (são mostradas lanchonetes com parques e outras atrações que terminam sendo fatores determinantes para a escolha do consumidor).
A falta de informação das pessoas em relação aos lanches e seus efeitos maléficos é outra questão discutida pelo documentário, pois alerta que ser desinformado é como estar desarmado, ou seja, mais suscetível às apelações do mercado (propagandas, promoções, etc.). A indústria de alimentos é apontada como vilã em todos os momentos do documentário, e a fala de um dos coordenadores dessas indústrias alimentícias revela que a culpa não é só das empresas, mas também dos consumidores. As empresas só oferecem seus produtos porque há quem queira pagar por eles, por isso, é perfeitamente compreensível que se questione sobre a parcela de culpa dos consumidores.
Os veículos de comunicação e o uso que a indústria alimentícia faz deles também é uma importante questão tratada pelo documentário. São mostrados dados que alertam sobre a enorme presença de propagandas (de lanches), principalmente na mídia televisiva. As empresas movimentam bilhões de dólares com propagandas e persuasão na TV, nos jornais e no rádio. A comida que muitas vezes pode ser “tóxica” (consumida com irresponsabilidade) é mostrada apenas como algo bom, prazeroso, sem conseqüências negativas para a saúde. No fundo todos sabem disso, mas a divulgação de informações que conscientizem o consumidor de lanches é extremamente importante para os próprios hábitos alimentares. Sem essas informações tudo parece bom demais, e é exatamente isso o que as empresas querem, muitas vezes se negando (ou omitindo) a disponibilizar verdadeiras informações (sem ilusões e apelos emocionais) acerca de seus produtos.
Talvez a maior reflexão gerada através desse documentário seja em relação ao papel e a influência do marketing e da publicidade para uma empresa. O próprio documentarista cita as ações do Mcdonalds após a divulgação de sua produção. Entre algumas das providências da empresa: diminuir o tamanho de alguns lanches, não mostrar crianças comendo perto da hora de dormir (nos comerciais), divulgar melhor a tabela nutricional dos produtos, promover campanhas em prol de hábitos saudáveis, incentivo de esportes, etc. Até mesmo acessando o site do Mcdonalds Brasil é possível perceber uma preocupação com a boa imagem da empresa, do ponto de vista dos que prezam pela responsabilidade social. No site http://www.mcdonalds.com.br é possível ver tópicos tratando de Publicidade Responsável e Responsabilidade socioambiental. De acordo com o site da empresa, o Código de Auto-Regulamentação Publicitária McDonalds foi divulgado simultaneamente em todos os países onde a empresa tem franquias, no ano de 2007. Esse código mostra vários tópicos que revelam claramente a preocupação que o McDonalds tem com o marketing. O documentário “Size-me” pode até ter influenciado um pouco essas transformações, por conta da repercussão que teve, mas a empresa soube superar muito bem esse problema. Talvez o documentário também não tenha nada a ver com as mudanças e a empresa tenha começado a se preocupar com questões sociais simplesmente por conta da exigência de mercado. Vilões e mocinhos todos são, tanto empresa como consumidores. Não dá para determinar culpa total para um ou para outro, mas cada um deve ter consciência do seu papel, as empresas promovendo divulgação honesta de informação e os consumidores buscando hábitos saudáveis e consumo consciente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário