domingo, 6 de março de 2011

A aceitação do paganismo


 A maioria das pessoas, quando questionadas sobre serem ou não tolerantes em relação a religião, afirmam que sim, que respeitam todas as crenças e que defendem a liberdade religiosa, mas será que isso tudo é verdade ou é só demagogia? 

Eu confesso que tenho minhas dúvidas!

Recentemente estou podendo sentir na pele o peso da discriminação, não pelo fato de que sou pagão, mas pelo fato de que estou produzindo um documentário sobre tema. Estava em uma verdadeira odisséia em busca de apoio para a produção, mas esbarrei em mais obstáculos do que previa. Quando fui até algumas empresas em busca de parcerias, não me mostrei como pagão, mas como pesquisador. 

Apresentei o projeto e mostrei o que os apoiadores ganhariam apoiando o projeto. Pois bem, alguns empresários e possíveis apoiadores até confessaram que gostaram do projeto, mas afirmaram que não poderiam apoiar algo do tipo. Para ser mais claro, ouvi frases do tipo:

"Sabe como é rapaz... fica complicado envolver o nome da empresa com algo chamado Paganismo"

Perguntei a mim mesmo o motivo que impediria uma empresa de envolver sua marca com um movimento cultural e transhistórico como o paganismo. 

Será que paganismo é algo tão sujo a ponto de sujar o nome de uma empresa? Será que se eu estivesse produzindo um documentário sobre a igreja, sobre os judeus ou sobre os evangélicos eu também ouviria este tipo de frase? Será que a inquisição acabou mesmo ou está apenas disfarçada? Discriminação é apenas uma desculpa para disfarçar o preconceito, mas comigo não cola.

Pagãos também são consumidores! Mesmo que o dono de uma empresa seja cristão ou de qualquer outra crença, isso não o impede de envolver seu nome com outros movimentos culturais, afinal de contas, não são apenas católicos ou evangélicos que se utilizam de alguns serviços, como eu já disse, o mercado consumidor é bem variado.

Me pergunto quantos pagãos ainda precisarão ser "queimados" na fogueira até que pensamentos discriminatórios sejam banidos de vez do nosso convívio. Será que não bastam os milhares que já morreram em forcas e fogueiras inquisitórias?

Logicamente eu estaria falando besteira se eu tivesse ido buscar o apoio de empresas que tem públicos religiosos limitados, mas esse não foi meu caso. Apresentei propostas de parceria para empresas que atuam em áreas relacionadas (direta ou indiretamente) com o tema. Mas como nem todos tem uma visão empreendedora, não se pode agir sozinho. Apesar de tantas limitações pelas quais estou sendo submetido, não desisto. Às vezes surgem limitações financeiras, mas essas eu dou um jeito, para mim a pior limitação é a limitação da mente das pessoas que pensam pequeno, que insistem com atitudes discriminatórias e mesquinhas e que, com esse tipo de atitude, só tem a perder.

2 comentários:

  1. Já vivi isso inúmeras vezes, apesar de não ser, necessariamente, pagão. Pelo simples fato de um espírito falar com a pessoa, ela poder ouvir ou ver eles, já é taxada e descriminada. O nosso exemplo maior, mesmo sendo cristão, é Chico Xavier. Por mais que amassem ele, não apoiavam sua atitude.
    Imaginei que voce pudesse estar passando por coisas assim desde o começo. Mas desejo muita força e sucesso pra voce, Rafael. Voce merece isso e muito mais.
    Abraço!

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  2. Interesante, me gustaría participar de tu documental.

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